Essas duas palavras – um tanto diferentes – escondem um significado muito importante para a organização.

Quando se fala em empresas, uma das primeiras coisas que nos vêm a mente é lucro, e isso não deixa de estar certo. Quando falamos em gestão de pessoas para as empresas, essa noção também precisa ser levada em conta, mas existem outras peculiaridades muito importantes.

O que é Shareholder?

Shareholder é uma palavra de origem inglesa muito comum no ambiente empresarial, e que em língua portuguesa significa acionista, ou seja, é uma pessoa que possui pelo menos uma ação de uma organização empresarial. Os shareholders ou acionistas, frequentemente se caracterizam também por serem investidores da empresa. 

A origem fundamental do termo deriva de share, que em inglês pode ser entendida como parte/compartilhar (dependendo do contexto), e holder, que significa suporte ou algo que segura/detém algo. Logo shareholder significa quem detêm uma parte, ou acionista.

Imagine que você tem um irmão, seu irmão apresenta para você uma ideia de negócio e propõe uma sociedade, onde vocês irão dividir as responsabilidades meio a meio 50/50. Você aceita essa proposta e começam os trabalhos para constituir a tal empresa. Inicialmente, vocês se deparam com a necessidade de realizar um investimento financeiro de aproximadamente R$ 1.000,00, dessa forma pela divisão acima, você deverá investir R$ 500,00 e seu irmão outros R$500,00, totalizando R$ 1.000,00 necessários.

Isso faz com que vocês dois sejam sócios da empresa, automaticamente vocês viram acionistas ou shareholders, ou ainda quem detém determinada parte da empresa. 

Se essa empresa fictícia gerar lucros, estes serão divididos na proporção de 50/50 entre vocês dois (levando em conta nosso exemplo e sendo bem simplista nas interpretações). Da mesma forma, se esta empresa não for capaz de gerar lucros e, ao invés disso, houver prejuízo. Da mesma forma, você e seu irmão irão ter que contribuir na proporção de 50/50 do valor do prejuízo para manter a empresa funcionando.

O que é Stakeholder?

Stkateholder significa parte interessada, ou que intervém de alguma forma na empresa e em seus interesses.  Este termo é amplamente utilizado em gestão de projetos e, em especial, no planejamento estratégico das empresas, organizações, governo e etc.

O sucesso de qualquer empreendimento depende da convergência e do trabalho coletivo das diversas partes interessadas, no entanto o stakeholder não necessariamente precisa ter valores monetários investidos na organização.

É importante considerar quem são os stakeholders, ou partes interessadas, quando se trata de organizar um empreendimento, pois o envolvimento destes pode não maximizar os processos da empresa, mas permite achar um equilíbrio de forças e evitar grandes riscos e impactos ao sucesso dos negócios.

Imagine a seguinte situação. Você e seu irmão – sim o mesmo exemplo acima para facilitar – construíram a sua empresa e estão trabalhando em conjunto, os negócios vão bem e vocês precisam ampliar suas instalações e, consequentemente, contratar mais uma pessoa. Esta nova pessoa, não investirá dinheiro no negócio, ou seja, ela não será um shareholder ou acionista. Se a empresa tiver prejuízo ela não irá arcar com ele, se a empresa tiver lucros ela não irá usufruir deles (a menos que você tenha um programa de participação nos resultados, mas isso pode ser assunto para outro artigo). 

No entanto, apesar dessa pessoa estar contratada e não ser um shareholder (acionista que investiu dinheiro) ela é um stakeholder (parte interessada). Pois é de interesse dessa pessoa que a empresa tenha um bom desempenho e consiga cumprir com suas obrigações, pois isso irá garantir que o emprego dela esteja seguro, consequentemente que suas contas pessoais possam ser pagas e etc.

Como isso influencia a Gestão de Pessoas?

Quando essa pequena diferença fica clara, todos os esforços da empresa passam a ser mais convergentes, e principalmente o trabalho, as práticas, os resultados e as inovações começam a ter uma noção mais ampla e a considerar além do benefício econômico, ou seja dos shareholders, o benefício social, que basicamente trata dos stakeholders.

Mais um exemplo de como essa relação pode se desenrolar. Imagine que na mesma empresa acima, você e seu irmão chegaram a conclusão de que é interessante transferir a pessoa que vocês contrataram para um horário noturno. Porém essa pessoa é casada com e sua companheira (vamos assumir que vocês contrataram um homem) já trabalha em um emprego com horário noturno, de forma que a dinâmica familiar dela estava organizada para que durante o dia sua esposa cuidasse do filho, e ao início da noite quando o empregado seu e de seu irmão chega em casa, a esposa sai para trabalhar e ele fica responsável pelos cuidados do filho.

Veja que nesse breve exemplo, nós temos um clássico conflito entre shareholder/acionista (você e seu irmão) versus stakeholder/parte interessada (nesse exemplo a esposa do empregado que você e seu irmão contrataram). 

Quais são as implicações que isso irá gerar para o seu negócio? Podemos citar alguns exemplos breves como, o desempenho do empregado pode cair em função da preocupação com o seu filho. A situação conjugal do casal pode sofrer um abalo e, consequentemente, isso irá influenciar a produtividade do empregado na sua organização. Um dos dois terá que pedir demissão para poder cuidar do filho enquanto o outro trabalha, isso irá gerar uma diminuição na renda da família, que pode acarretar em prejuízos ao negócio.

É claro que esses exemplos são ilustrativos, mas já é possível perceber qual é o impacto para o negócio quando não há uma correta gestão dos shareholders e stakeholders. 

Qual é o desafio para a Gestão de Pessoas?

O desafio para a gestão de pessoas neste cenário é o de conciliar os interesses de todas as partes e manter a sustentabilidade dos negócios. Fundamentalmente a área de gestão de pessoas precisa ser capaz de olhar o negócio do ponto de vista estratégico,  econômico e e social.

É importante entender que, quando se é levado em conta os interesses dos stakeholders (partes interessadas) é possível para os shareholders (acionistas) desenhar qual é a melhor sequência de ações estratégicas para manter a lucratividade e atender as necessidades e interesses dos envolvidos.

Outro ponto importante é a compreensão de que, quando há conflito entre esses dois players da organização, os prejuízos são de todos. 

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