Aprendizagem Ativa – O que você precisa saber.
Existe uma grande diversidade de significados para o termo “aprendizagem ativa”, tais como aprendizagem através do jogo, aprendizagem baseada em tecnologia, aprendizagem baseada em atividades, trabalho grupal, projeto, método, etc.
O que está por trás desses significados, são algumas diferenças e características da aprendizagem ativa.
Qual é a natureza da aprendizagem ativa?
O aprendizado ativo é o oposto do aprendizado passivo. Aprendizagem ativa é aquela que é centrada no aluno, não centrada no professor/instrutor e requer mais do que simplesmente ouvir.
A participação de cada aluno é um aspecto necessário na aprendizagem ativa. Estudantes devem estar engajados no aprendizado. Pensar sobre o trabalho que será realizado e o propósito por atrás dele, ajuda a aprimorar suas capacidades de pensamento, reflexão e conexão de informações.
Muitos estudos provaram que a aprendizagem ativa como estratégia de educação promove níveis de conquista e domínio do conteúdo, que só é possível através de atividades que façam com que o aluno esteja participando ativamente do processo. Entretanto, pode existir alguma dificuldade de adaptação à esta nova forma de aprendizagem (em especial as organizações).
A aprendizagem ativa deve transformar os estudantes de ouvintes passivos para participantes ativos, e ajudar os alunos a entender o assunto através de perguntas, coleta e análise de dados para, a partir dessas informações, iniciar a resolução de problemas cognitivos de ordem superior.
Alguns princípios sugeridos por Barnes (1989) para a aprendizagem ativa:
- Propósito: a relevância da tarefa para as preocupações dos alunos.
- Reflexivo: reflexão dos alunos sobre o significado do que é aprendido.
- Negociado: negociação de metas e métodos de aprendizagem entre estudantes e professores.
- Crítica: os alunos apreciam maneiras e meios diferentes de aprender o conteúdo.
- Complexo: os estudantes comparam tarefas de aprendizagem com complexidades existentes na vida real e fazem análise reflexiva.
- Situação: a necessidade da situação é considerada para estabelecer tarefas de aprendizagem.
- Comprometidos: as tarefas da vida real são refletidas nas atividades realizadas para a aprendizagem.
O modelo pedagógico.
Quando falamos em treinar e desenvolver pessoas nas organizações, uma das primeiras imagens que vêm à cabeça é a de uma sala de aula tradicional. Classes e cadeiras, um quadro, giz ou canetões e um professor(a) – geralmente no contexto organizacional nomeado como instrutor.
Este modelo tradicional se baseia na lógica pedagogia, onde os papeis desempenhados em sala de aula (ou na sala de treinamentos) são os seguintes:
- O professor é o proprietário do conhecimento.
- O aluno não possui o conhecimento e sua função é aprender.
- O conhecimento é passado do professor para o aluno.
Em geral, este modelo é utilizado mais frequentemente na educação de crianças e jovens. Esta forma de ensino/aprendizagem é uma das mais difundidas no ambiente organizacional e por anos era praticamente a única forma utilizada para qualificar as pessoas.
Cabe deixar claro que este modelo tradicional não está atrasado, obsoleto ou ainda deve ser eliminado das práticas organizacionais. É importante considerar qual é a melhor metodologia de acordo com o objetivo a ser atingido.
O modelo andragógico.
O termo andragogia surgiu pela primeira vez na obra do pedagogo alemão Alexander Kapp em seu livro “Idéias educacionais de Platão”. Alexander é citado como o criador da andragogia, entretanto foi o americano Malcolm Shepherd Knowles o grande responsável por difundir o conceito criado por Kapp.
A palavra andragogia pode parecer um pouco estranha num primeiro momento, porém seu significado é muito simples. O termo andragogia deriva do grego andros, que significa adulto, e gogos, que significa educar.
É importante conhecer este tipo de modelo de ensino/aprendizagem, uma vez que adultos não aprendem como crianças. Partindo dessa ideia, a educação de adultos não deve ser baseada exclusivamente nos princípios pedagógicos.
A base da andragogia é propor a quem está aprendendo mais autonomia, colaboração e a autogestão da aprendizagem. Um ponto importante é que nesta modalidade as vivências de quem está aprendendo servem de base para a produção de novas ligações e a criação de conhecimento.
Aprendizagem ativa.
A aprendizagem ativa é uma técnica de ensino, dividida em diversas metodologias que são construídas e baseadas no envolvimento maior do aluno. Nas práticas de aprendizagem ativa é comum que se desenvolvam reflexões sobre os assuntos abordados e discussões sobre as reflexões construídas.
Este método dá ao aluno um papel central no processo de aprendizagem, fazendo com que este saia da posição de “recebedor de informações”.
Na metodologia ativa o papel do “professor” é mais de um facilitador do que de um “transmissor de conhecimento”. Cabe a quem estiver nesta posição ser capaz de engajar os alunos (ou participantes) e fazer com que eles assumam a responsabilidade em relação a sua própria aprendizagem.
Vantagens:
- No modelo pedagógico a vantagem está na autoridade imposta pelo papel do professor, onde este é detentor do conhecimento e o transmite para os demais. Os papeis estão bem definidos e isto faz com que haja uma clara percepção de quem deve fazer o que, e quais são as responsabilidades de cada um.
- No modelo andragógico, a grande vantagem é a utilização das vivências dos participantes, que na maioria das vezes, acabam enriquecendo as práticas educacionais, possibilitando a troca de experiências e a interação entre os membros do grupo.
- Na forma ativa de aprendizagem, a grande vantagem é o papel central que o aluno tem no seu próprio desenvolvimento, as discussões e reflexões produzidas frequentemente levam a insights. Estes ingishts são o grande objetivo das metodologias ativas de aprendizagem.
Desvantagens:
- No modelo pedagógico, corre-se o risco de não haver uma atualização periódica de quem está no papel de professor, correndo o risco de que, quem ministra as aulas esteja desatualizado. Outro problema que pode ocorrer é a “presença de corpo” dos alunos, uma vez que é um processo passivo de aquisição de conhecimento, dependendo das condições, os alunos podem não se sentir estimulados a participar.
- Quando se fala em andragogia, e em especial associada a educação corporativa, uma das desvantagens está na constituição do grupo de pessoas. Como a andragogia pressupões uma participação mais ativa dos alunos, caso não haja essa característica na turma, o resultado pode não ser satisfatório. Isso também pode ocorrer por falta de preparo do profissional que está conduzindo os trabalhos.
- No formato de aprendizagem ativa, é importante tomar cuidado para que o facilitador tenha conhecimento e domínio do método, disponha das ferramentas adequadas e promova uma relação de confiança entre os participantes.
Qual é o melhor?
Essa é a pergunta de um milhão de dólares. E a resposta é: DEPENDE. Para afirmar com cem por cento de certeza que uma forma é melhor do que a outra, é preciso levar em conta alguns fatores:
- Quem é o público?
- Qual o nível de maturidade das pessoas?
- O que você pretende alcançar como objetivo final?
- Qual é o assunto ou o tema que se quer qualificar?
- Quais os recursos disponíveis?
As perguntas acima são meramente ilustrativas, mas já é possível ter uma boa noção do que está envolvido.
Antes de decidir por uma ou outra, vale a pena investir algum tempo refletindo sobre essas questões acima. Existem objetivos onde a abordagem pedagógica fornece um resultado melhor, em treinamento técnicos e altamente especializados, por exemplo.
Em outros momentos, a abordagem andragógica tem uma aceitação melhor e conduz para resultados igualmente bons. Um bom exemplo é no caso de programas de desenvolvimento de líderes, aqui a vivência dos participantes serve de base para a introdução de novos conceitos. Ou ainda, a partir da vivência do participante associada aos novos conteúdos, serão produzidas novos entendimentos e, consequentemente novas ações.
Já as metodologias ativas, requerem uma abertura maior, e acabam possibilitando uma produção de insights e “desbloqueio” de criatividades que irão se traduzir em novos patamares de ações, produtos, serviços e experiências que, consequentemente, acabam por gerar bons resultados também.
Como utilizar a aprendizagem ativa na sua organização?
Existem várias formas de aplicação de formas de aprendizagem ativa nas organização, entre elas podemos citar:
- Discussões: Um tema é introduzido e estimulado para que os participantes reflitam, e troquem informações e experiências entre si.
- Grupos de estudo e melhoria: Com um foco mais prático e desenvolvendo projetos voltados para a eficiência da organização. Neste caso é importante ter um facilitador acompanhando que domine a forma ativa de ensino.
- Jogos e brincadeiras: Parece um pouco estranho falar em jogos, mas cada vez mais as organizações estão utilizando de elementos lúdicos e levanto para o contexto corporativo. Uma das formas mais novas é o LEGO SERIOUS PLAY, uma metodologia desenvolvida pela LEGO em parceria com alguns pesquisadores que chegaram a um método ativo de desenvolvimento de determinadas competências.
Que condições precisam existir?
Para alcançar os melhores resultados, a aprendizagem ativa requer ambientes de aprendizagem apropriados através da implementação da estratégia correta. Abaixo algumas características ambientais que favorecem essa forma de atuação.
- Promover a aprendizagem baseada na investigação através de conteúdos autênticos e na medica do possível acadêmicos.
- Encorajar as habilidades de liderança e autoconhecimento dos alunos através de atividades de autodesenvolvimento.
- Criar um ambiente adequado para a aprendizagem colaborativa para a construção de comunidades de aprendizado experientes e que compartilhem essas experiências.
- Cultivar um ambiente dinâmico através da aprendizagem interdisciplinar e gerando atividades de alta importância para uma melhor experiência de aprendizagem.
Integração de conhecimentos já existentes com novos conhecimentos para promover em uma rica estrutura de compartilhamento entre os alunos.